A periferia lê sim!

Márcia Cavalcante, coordenadora do Cirandar, contribuiu com a matéria do Brasil de Fato RS sobre a taxação dos livros e a importância das Bibliotecas Comunitárias, confira a notícia logo abaixo.

Bibliotecas comunitárias 

Importante mecanismo de aproximação da população mais carente com o livro e a leitura, as livrarias comunitárias, juntamente como outros movimentos populares de formação de leitores, saraus culturais, movimentos de poesia, pontos de cultura e clubes de leitura, desmontam o argumento do governo. É o que destaca a professora Márcia Cavalcante. “Há uma cena cultural e literária, com certeza, mais viva que nos bairros nobres dos grandes centros.” Para ela a afirmação de que somente a elite consome livros vem de um discurso retrógrado e colonialista e precisa ser desmontado.  

“As comunidades de periferia no Brasil, onde estão mais concentradas as populações empobrecidas, leem sim! Afirmo isso com segurança, pois acompanho há anos um movimento de fortalecimento de bibliotecas comunitárias que são faróis nas mais diversas comunidades de norte a sul desse país”, ressalta a professora. 

“Na periferia real, onde nem a Receita Federal nem os representantes desse governo pisam, há livros, leitura, leitores, escritores, escritoras, editoras independentes, selos literários que publicam histórias em importantes perspectivas, festas literárias, gente que narra suas histórias e tece uma rede de leitura das palavras e de leitura de mundo, como nos inspira Paulo Freire. Quem afirma que a população empobrecida não lê está de costas às comunidades, não as reconhece como fazedores de cultura. Contudo, em um governo distópico como o que estamos vivendo em âmbito federal não me surpreende esse discurso e essa proposta absurda de taxar os livros”, complementa. 

Assim como Márcia, o estudante de filosofia Sidney Costa, que atua há sete anos na Biblioteca Comunitária Visão Periférica na Vila das Laranjeiras, no Morro  Santana em Porto Alegre, destaca que afirmação é equivocada e elitista. Para o educador e empreendedor social, esse argumento da receita e a intenção do governo de taxar livros não passa de uma estratégia.

“Eu aprendi, em 2008, como soldado do Exército brasileiro, o termo massa de manobra, que acredito que seja exatamente isso que eles estão querendo fazer. Porque um povo que não tem acesso à cultura, que quase já não tem acesso a livros de boa qualidade, se tiver essa taxação será um povo de fácil manobra, de fácil manipulação”, afirma o educador social. “Se quiserem taxar alguma coisa que taxem as grandes fortunas que são inúmeras no Brasil, e não esse veículo que é agregador de conhecimento e sapiência”, complementa.  

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