Suspensão das atividades na ilha Grande dos Marinheiros

O ano de 2020 começou com uma importante matéria em Zero Hora e no Diário Gaúcho abordando a suspensão das atividades de entidades sociais e culturais da Ilha Grande dos Marinheiros.

A reportagem de Omar Freitas – Agência RBS – destaca a situação do Cirandar e da Biblioteca Comunitária do Arquipélago.

O ano de 2019 se encerrou marcando também o fim de um ciclo para entidades sociais e culturais da Ilha Grande dos Marinheiros, em Porto Alegre. Localizadas em um terreno onde passará a nova ponte do Guaíba, quatro organizações precisaram suspender temporariamente as atividades por conta da necessidade de desocupação das casas, que serão demolidas para que as obras avancem. Com isso, a Cooperativa de Mulheres Resgatando a Dignidade, o Clube de Mães da Ilha Grande dos Marinheiros, a Associação Caminho das Águas e a Biblioteca do Arquipélago fecharam as portas e trabalham para tentar construir um novo espaço coletivo.

 

Os livros da Biblioteca do Arquipélago foram retirados e levados para sede do Cirandar – uma organização não governamental que desenvolve ações sociais e administra a biblioteca – em novembro. Logo em seguida, vieram a greve das escolas estaduais e o fim do ano letivo nas municipais, que paralisaram por completo as atividades dentro da ilha.

– Essa biblioteca foi construída em 2014, marcando o primeiro grande investimento do Plano Municipal do Livro e da Leitura (PMLL). Em 2017, com a notícia da construção da nova, veio a indicação de que seria criado um assentamento que acolheria moradores e entidades. Mas, na metade de 2018, chegou a informação de que não haveria mais o assentamento e o recurso adotado para as famílias seria a compra assistida.

A partir daí, iniciaram-se os diálogos com a prefeitura para debater o destino das entidades – explicou a coordenadora-geral do Cirandar e voluntária, Carolina Drügg, 39 anos.

 

 

Projeto

Conforme Carolina, a prefeitura ofereceu alternativas, mas todas demandavam investimentos que a organização não dispunha e, por fim, não se chegou a um acordo. Em outubro de 2019, o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), que gere a obra, destinou um recurso indenizatório para as entidades. Este valor, segundo a voluntária, ainda está em negociação, pois a própria prefeitura entrou com recurso no DNIT para também ser ressarcida pela casa que abrigava o Cras Ilha. Sendo assim, os valores destinados às entidades estão sendo reavaliados.

As associações envolvidas optaram, então, por construir uma nova estrutura, chamada de Centro Comunitário e Cultural Irmão Antônio Cecchin, que ainda carece da compra e definição do terreno.

– As entidades optaram por permanecer juntas no mesmo espaço, reafirmando a importância do trabalho coletivo e sua resistência histórica. Não tínhamos mais como manter o local aberto (biblioteca), já existe pouca coisa ao redor, as pessoas foram embora. Mas não queremos perder o vínculo com a comunidade, queremos que as pessoas que aqui permaneceram tenham acesso aos livros, às atividades culturais, por isso, nossa ideia é construir no lado da ilha que em que as famílias ficaram – disse Carolina.

 

Referência

A biblioteca atendia cerca de 400 crianças por mês e tinha um acervo com 1,5 mil livros, além oficinas de teatro, contação de histórias, empréstimo de livros, entre outras ações.

– É muito forte ver essa biblioteca fechada, esse chão que hoje está ali empoeirado acolheu muitas rodas de histórias. Em 11 anos de existência do Cirandar, é o primeiro espaço a se fechar. Há um sentimento de esperança, mas também de luto – finaliza Carolina.

A Associação Caminhos da Água, ONG que assessora os galpões de triagem para reciclagem, também precisou parar o trabalho no ano passado. É a direção que está à frente das negociações da verba indenizatória. Segundo o coordenador, Leonel de Carvalho, 57 anos, o compromisso com a construção do Centro está firmado em ata com a Justiça e a obra garantida para este ano. O projeto do Centro Comunitário está sendo elaborado voluntariamente por um arquiteto.

Quer apoiar o Cirandar?

É possível ajudar o Cirandar com abatimento no Imposto de Renda por meio do Fundo Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente (Funcriança). O Funcriança é gerenciado pelo Conselho Municipal da Criança e do Adolescente e destina verbas a entidades comprometidas com a garantia de direitos. O valor doado pode ser deduzido do IR a pagar ou acrescido do valor que será restituído.

Empresas podem doar até 1% do imposto declarado, já pessoas físicas até 6%. O dinheiro poderá ajudar na construção da nova sede na Ilha Grande dos Marinheiros. Dúvidas e outras informações no site www.cirandar.org.br/doacao

Reportagem por Omar Freitas / Agência RBS

 

Confira a matéria completa em:

https://gauchazh.clicrbs.com.br/porto-alegre/noticia/2020/01/entidades-da-ilha-dos-marinheiros-suspendem-atividades-em-funcao-da-obra-da-nova-ponte-do-guaiba-ck53l3yaj01yx01od6elpu5uv.html?fbclid=IwAR3qWWO8p3WhnOj85aIssNqSRGjbU7SCWFrPp0SpvdCV7xdrINKh_eIucj4